Já foi há mais de um mês, mas entre febres e tosses, trabalho e viagens (para não falar noutros percalços que não vêm a propósito), o tempo para dedicar a reflexões e registos tem sido escasso.
No dia 1 de Outubro lá fui ao (re)encontro da Radmila.
Cheguei com uma hora de atraso. Nem um olhar repreensivo.
Uma tranquilidade reconfortante, uma harmonia contagiante e aquela simpatia que as caracteriza e nos faz sentir em casa.
Tempo de pausa e um momento para descomprimir depois da correria da viagem.
Leitura interessante à disposição: parto natural, parto na água, rebirthing... Informação pouco habitual nas salas de espera comuns. As vulgares (e ultrapassadas) revistas que raramente ensinam algo não existem aqui.
Finalmente, uma médica - mais que isso, uma amiga - sorridente e quase maternal, que irradia feminilidade e alegria, coloca-se à minha inteira disposição.
Foi o nosso segundo encontro.
No primeiro pouco falei. Ela perscrutou-me a alma e adivinhou-me os medos que escondo sob esta minha fachada de «mulher-forte». Eu tremia como varas verdes, e ela, docemente, invadia o forte e mostrava-me a mim mesma.
Desta vez foi uma conversa partilhada o que tivemos. Ambas sabíamos o que me levava lá mais do cedo que o previsto: vontade de engravidar. Muita vontade.
Abri-lhe um pouco mais o meu peito, dei-lhe a conhecer um pouco mais da minha história (da minha infância, da minha mãe, do meu pai, do meu marido, dos meus filhos, dos meus medos, das raivas contidas que vou superando, dos ressentimentos despercebidos que vou conhecendo e deixando de lado, do crescimento emocional que aos poucos vou sentindo) e deixei-a vislumbrar um pouco do meu mundo de sonhos.
Disposta a acompanhar-me na viagem que estou cada vez mais perto de iniciar, deu-me a mão e incitou-me a caminhar. São ainda bastantes os pequenos grandes passos que tenho para dar.
Sinto-me, por vezes, tão pouco preparada para esta jornada. E no entanto aquela mulher não teve dúvidas em afirmar (categoricamente, com todas as letras) que estou "pronta para uma nova gravidez ontem"!
O exame físico reforça o veredicto. Daqui a uns meses digo adeus à pílula, dois ciclos depois faço nova consulta e... preparo-me para entrar na que promete ser a fase mais importante da minha vida.
Quanto aos «pequenos grandes passos» de que falei, partilho-os numa próxima, possivelmente à medida que os for dando.