segunda-feira, 19 de julho de 2010

Sem surpresas

Os últimos também já sabem.

E as reações foram as esperadas...

O meu sogro (com quem ainda não estive nem falei desde que «o segredo» foi revelado) anda desvairado, sem saber o que fazer à vida, agora que lhe trocaram as voltas às contas já tão certinhas que tinha feito à herança que deixaria aos netos.

"E a faculdade?" - pergunta.

"E se não vem a menina?" - insiste, esbracejando no corredor e esperando que a mulher, que nada tem a ver com a nossa decisão, lhe dê uma resposta que o satisfaça.

Queixou-se aos cunhados, esteve fora no fim de semana, diz que já não quer ir de férias com os miúdos, que não tem saúde nem vida para criar mais um.

O R. perguntou-me se os avós estavam chateados comigo e com o pai. Expliquei-lhe que não. Só o avô, um bocadinho... Tentei que compreendesse os seus argumentos (que tem medo que não tenhamos dinheiro para lhes dar o que precisam por serem muitos) e ao ouvi-lo dizer-me que preferia ter dinheiro do que mais um mano resolvi dar-lhe (ou, pelo menos, tentar) uma preciosa lição sobre os valores familiares.

"Se me oferecessem muito dinheiro, todo o que eu quisesse, todo o que existe no mundo para eu deixar de ter os meus filhos, para eu ficar sem vocês, sabes o que é que eu escolhia?" - a pergunta deixou-o preocupado - "Ofereceram-te dinheiro, mãe?". Passei-lhe a mão pelo rosto com toda a ternura que me ia no coração e sosseguei-o: "Não, meu amor."
"E se me oferecessem, sabes o que eu escolhia?" - preparava-me para continuar, mas ele antecipou-se: "Escolhias-nos a nós?". Anuí sorrindo e permiti-me mais uma pergunta - "E sabes porquê?".
A resposta chegou com um abraço confiante e feliz - "Porque nos vais querer sempre!".

Parece que afinal a batalha "dinheiro vs família" foi ganha pela segunda. Isso deixa-me muito contente.

E a minha sogra? A minha sogra, apesar das dificuldades económicas por que passamos, apesar do futuro incerto que temos pela frente, apesar do cansaço que já vai sentindo e dos esforços continuados para nos ajudar e, sobretudo, apesar da frustração e insatisfação que o marido insiste em descarregar sobre ela, está alegre (consegue, inclusivamente, rir da situação difícil que está a ser viver com o meu sogro estes dias) e ansiosa por acolher mais um membro no seio desta família.

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